segunda-feira, 11 de junho de 2012

ASTRONOMIA: A Terra sem a Lua

A teoria sobre a formação da Lua mais aceitaatualmente defende que o nosso satélite natural teria se originado a partir de um formidável impacto que a Terra sofreu há bilhões de anos.
Por mais fantástica que pareça, essa hipótese consegue explicar tanto a semelhança entre as rochas lunares e terrestres quanto alguns aspectos do movimento orbital de ambos.
A colisão deve ter ocorrido no estágio final de formação do nosso planeta, com um dos muitos "concorrentes" da Terra, fragmentos de rocha incandescente que coletavam matéria para se agregar em corpos maiores.
Nosso planeta pode ter perdido parte do núcleo durante o impacto, formando uma nuvem de poeira quente ao redor. A alta temperatura desse material (que formaria a Lua) explicaria a ausência de compostos voláteis nas rochas lunares.
A Lua primitiva era igualmente bela e assustadora. Sua distância inicial seria inferior a 50.000 km (hoje a distância média Terra-Lua é de aproximadamente 384.000 km), tornando a Lua Cheia 15 vezes maior.
Até hoje, Terra e Lua formam um sistema planetário duplo. A rigor, são como dois planetas girando em torno de um centro comum de gravidade, situado apenas algumas centenas de quilômetros abaixo da superfície da Terra.

  • Um mundo do faz de conta

OS CIENTISTAS AINDA SE PERGUNTAM quais seriam asTeoria do Caos: o deslocamento de ar das asas de uma borboleta tropical poderia influenciar as monções? implicações caso a Lua nunca tivesse existido. Segundo uma parte da matemática popularmente conhecida como "Teoria do Caos", pequenas variações nas condições iniciais de um fenômeno podem resultar em enormes diferenças no final.
Podemos imaginar que há bilhões de anos a recém formada Terra tivesse um destino diferente, não sendo atingida por nenhum corpo muito maciço. Então, se a Lua nunca se formou, qual seria a massa final da Terra? E os movimentos orbitais? Será que o nosso planeta teria uma composição química muito diferente da encontrada hoje?
Estamos no limiar entre a ciência e a ficção. Não há como comprovar tais hipóteses, mas podemos fazer com que nossos propósitos estejam sempre dentro das implicações astronômicas e geológicas conhecidas. Fazendo isto, o que mais poderemos descobrir sobre o passado – e presente – do nosso mundo, supondo um planeta Terra... sem a Lua?

  • Sombra e dias curtos
    SEM A LUA NÃO HAVERIA ECLIPSES, embora isso não pareça ter implicações muito sérias; e além disso saberíamos do que se tratam, pois eclipses também ocorrem entre os satélites de Júpiter, por exemplo.
    Porém, sem a Lua as noites teriam uma iluminação uniforme, já que exceto pelas luzes das cidades é a luz do luar que faz a noite clara. Isso já traria algumas implicações na evolução das espécies.
    Predadores noturnos levam vantagem.Basta lembrar que o nosso medo natural do escuro vem do fato de não conseguirmos enxergar bem com pouca luz, ao contrário de certos animais predadores, que sem o luar teriam vantagem em suas caçadas noturnas.
    Sem a Lua, o ciclo das marés também seria diferente. Ainda existiria a alternância entre marés alta e baixa (as marés também são provocadas pela ação gravitacional do Sol), só que em menor intensidade – 70% menor.
    As aves migratórias também precisam da Lua.Com menores forças de maré, também seria menor a faixa de areia que é periodicamente coberta pela água do mar, durante a maré alta, e depois exposta ao Sol durante a maré baixa. Acontece que essa faixa de areia é habitada por uma grande diversidade de seres, importantes não somente para a vida marinha, mas também para diversas espécies de aves migratórias, que deles se alimentam.

Diariamente ocorrem duas marés altas (ou preamares) e duas marés baixas na Terra. Este ciclo é um efeito conjunto da força gravitacional do Sol e da Lua.

Sem a Lua, os dias na Terra seriam mais curtos – estima-se algo em torno de 18 horas – pois as forças de maré reduzem a rotação do planeta, alongando o dia.
É fácil de entender: tais forças agem igualmente nas partes sólidas e fluídas do planeta, mas sua ação nos líquidos é mais evidente. Assim, ao "puxar" os oceanos friccionando-os contra a crosta sólida, duas vezes por dia e por bilhões de anos, pouco a pouco diminuiu a velocidade de rotação da Terra – aumentando a duração do dia.

  • Antártica tropical
    DIAS MAIS CURTOS CERTAMENTE RESULTARIAM EM ENORMES MUDANÇAS no processo de evolução da vida na Terra. Outros ciclos de luz e escuridão provocariam novos hábitos na fauna e flora.
    Além disso, com um período de rotação mais rápido, a atmosfera terrestre se moveria mais velozmente. Furacões poderiam durar meses e os ventos seriam muito mais rigorosos.
    Graças a Lua o eixo de rotação da Terra permanece estável em cerca de 23 graus e meio de inclinação. Isso é responsável pela existência das estações do ano. Presume-se que sem a Lua, a inclinação do eixo terrestre poderia atingir os 85º.
    Todo o clima da Terra seria dramaticamente alterado. Na Antártica, onde hoje faz muito frio, seria quente como nos trópicos, e as regiões equatoriais do planeta estariam cobertas de gelo. A Lua é um regulador climático.

Bagunça útil: a Lua gira numa órbita inclinada 5° em relação ao plano da órbita Terrestre. Ela própria está inclinada 1,5° com respeito a sua órbita, enquanto a Terra gira com 23,5° de inclinação.

  • Lua, protetora da vida
    A LUA TAMBÉM TEM SIDO UM EFICIENTE ESCUDO contra impactos de meteoritos. Se a Lua não existisse, a própria Terra seria a única fonte de atração gravitacional para os objetos que causaram aquelas cicatrizes lunares.
    As crateras da Lua, principalmente as do lado oculto, dão uma boa idéia do que já podemos ter escapado. Quando um grande meteorito choca-se com a Terra parte de nossa atmosfera é perdida no espaço e centenas de quilômetros cúbicos de poeira são arremessados no ar.
    Evidências de impactos no passado mostram que esse material fica em suspensão por anos, impedindo a luz solar de chegar à superfície – é o inverno global.
    Assumindo que a Lua nunca existiu, então aquele violento impacto com a Terra primitiva também nunca aconteceu. Dependendo do ângulo com que o meteorito gigante atingiu a Terra, a rotação do nosso planeta certamente seria diferente.
    Provavelmente teríamos uma órbita menos elíptica que a atual. Fazendo as contas da massa acrescentada à Terra com o impacto, menos a massa da Terra cedida à Lua, é possível que nosso planeta fosse até 10% menor. Nossa atmosfera poderia ser tão densa quanto a do planeta Vênus...

O que seria dos lobisomens sem a Lua?

Ainda poderíamos falar nos efeitos psicológicos (?) atribuídos a Lua, como o crescimento da lavoura ou de nossos cabelos, o ciclo menstrual da mulher e as histórias populares, como a do lobisomem.
Se a Lua não existisse – ela que inspira românticos, poetas e contadores de histórias – ainda seríamos a mesma civilização? Ainda seríamos a mesma cultura?

Terra vista da Lua. Fotomontagem a partir de imagens das missões Apolo.

  • Carpe Diem (Aproveite o Dia)
    SEM A LUA, TODA A VIDA NA TERRA poderia ser não apenas diferente, mas simplesmente nunca ter surgido.
    Mesmo sem poder comprovar esses resultados, um dia a Terra ficará sem a Lua. Com o passar de eras, as forças de maré vão reduzir ainda mais a rotação da Terra, tornando os dias mais longos – e como para cada ação existe uma reação, a Lua se afasta de nós 3,8 cm a cada ano.
    Não antes de terem se passado quinhentos milhões de anos, a Lua não será mais capaz de produzir eclipses do Sol. Em um ou dois bilhões de anos ela estaria tão longe que poderia se desprender da atração terrestre. Talvez se torne um planeta em separado, talvez colida com o Sol.
    Alguns pesquisadores já calcularam que a ausência da Lua daria ao nosso planeta uma precessão caótica, isto é, o eixo de rotação da Terra poderia passar a oscilar loucamente.
    A maioria discorda. Para eles a Lua não vai se afastar para sempre. O processo pára quando a rotação da Terra, da Lua e o período orbital da Lua atingiram todos um valor em torno de 55 dias. Nesse ponto a Lua estará 60% vezes mais distante da Terra que hoje. Mas isso só aconteceria em uns 15 bilhões de anos – e o Sol morre antes, em cerca de 5 bilhões de anos no futuro.
    Resta-nos a certeza de que vivemos no momento adequado para a Terra abrigar vida em abundância e ser iluminada pelo luar. Por isso, cuide bem do seu planeta e aproveite o dia... e as noites também!

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